MT possui mais de 600 prentendentes para adoção, mas processo ainda é moroso
Cerca de 57 crianças estão disponíveis para adoção nos lares de Mato Grosso. Em sua maioria, essas crianças estão nestes locais por algum tipo de negligência, abuso ou violência, que a colocam em situação de ajuda.
Segundo dados do Sistema Nacional de Acolhimento e Adoção, dentre os 57 menores, estão 19 meninas e 38 meninos. A faixa etária com maior disponibilidade de adoção são de até 4 anos, com 11 crianças e entre 12 e 16 anos, com 12 crianças.
O Sistema ainda mostra que 31 deles não possuem irmãos, e que em sua maioria, são crianças pardas, totalizando 39 crianças.
A fila de pretendentes é outro dado que chama atenção, segundo o sistema, 628 casais, solteiros e pessoas em união estável, estão na fila de pretendentes disponíveis para adotar uma criança, eles optam por crianças de qualquer cor e tenha entre 2 e 6 anos e em sua maioria não possui escolha por gênero.
Para falar do assunto, o conversou a presidente da Ampara, Daisy Anne Marklew Guilem, casa fundada em 2009 por pais e mães adotivos ou filhos adotivos, com o objetivo de divulgar, orientar e transmitir informações sobre a adoção.
Ela explicou o que é necessário para que uma pessoa ou um casal consiga entrar para fila doe adoção e por que esse processo é demorado.
“Primeiramente, a pessoa passa por um processo de habilitação, que exige documentações, atestados, certificados. Um desses certificados é um curso pré-natal da adoção que quem oferece aqui no estado do Mato Grosso é a Ampara. Depois que a pessoa juntar esses documentos, ela vai passar por uma análise psico-social com assistente social e a psicóloga da vara da infância para ver as motivações da pessoa, na sequência ela passa pelo Ministério Público, que irá avaliar todos esses relatórios, depois o juiz da sentença de habilitação, e só aí, a pessoa vai estar pronta para entrar no cadastro nacional da adoção”.
A presidente da casa conta que o principal objetivo é sempre fazer com que a criança retorne para seus familiares, e que a mesma só pode entrar para fila de adoção, após todas as tentativas de reinserir a mesma para junto de seus parentes, falhem.
“O processo é demorado porque quando a criança entra, ela não entra já para ser adotada, ela entra para proteção, às vezes ela sofreu negligência, abuso, violência e ela está ali em proteção da justiça. E aí a equipe técnica dá o abrigo vai procurar outros familiares dessa criança para ver quem vai poder dar tudo que aquela criança precisa, cuidar, promover pra ela todos os direitos. Se não tiver possibilidade dessa criança voltar, então essa criança vai, em último caso, ser habilitada para fila”, conta.
Todos as formas de tentar contato com a família da criança são feitos, e se mesmo assim ela não poder voltar para casa, ela passa pelo mesmo processo de habilitação, para conseguir entrar na fila da adoção.
“O mesmo processo que os pretendentes fazem, as crianças e adolescentes também. Então demora, porque existem prazos, que muitas vezes não são cumpridos devido à complexidade dos casos e da dificuldade às vezes de se fazer esses laudos, a falta de vara especializada, falta de equipe técnica suficiente, tem vários fatores que faz demorar e não tem essa celeridade nos processos”, explicou.
Como dito anteriormente, 628 casais, solteiros e pessoas em união estável, estão na fila de pretendentes para adoção, porém, existem fatores que pode impedir que a adoção seja concluída.
“Às vezes, a pessoa não está em condições mentais, porque não foi aprovada em um atestado de saúde física e mental, e às vezes a pessoa responde por crime, por violência. Além disso, existem questões de ordem emocional, vistas no estudo psicossocial e percebe que aquela pessoa está, por exemplo, passando por um luto de perda de um filho, que ainda não digeriu muito bem e aí liberar uma criança a para adoção pode ser um risco de revitimizar ela e levar a ser devolvida”, explica.
Ela conta, que a lista de pretendentes é grande e isso é ótimo, mas que 80% dos casais são inférteis, e por não conseguirem ter filhos, desejam viver a adoção desde o começo, optando por bebês.
“Estes pretendentes buscam viver a adoção desde o início, então buscam bebês, crianças pequenas não alfabetizadas que ainda estão na primeira infância. Eles querem ter esse prazer de cumprir, ver a criança falar, andar, se desenvolver na escola, então a grande maioria, dessas pessoas querem crianças pequenas. Em contrapartida, a grande maioria das crianças disponíveis são maiores de 7, 8 anos, então a gente tem um problema de perfil. Por isso, fica bem difícil de fazer essa conta”, conta.
Atualmente, Mato Grosso possui 69 casas, lares e abrigos, variando de municípios que não possuem nenhum, somente em Cuiabá são 8 lares.
“Existem municípios que possui a família acolhedora, que é aquela situação onde cidadãos se habilitam, passam por um processo também para que eles possam ser um serviço de acolhimento familiar. Então eles têm a criança para guardar, cuidar e tomar contas, como fosse um padrinho, uma madrinha”, explica.
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